Existe uma
definição das condutas e sentimentos apropriados para os homens. Nessa
perspectiva, os integrantes de boybands, não só One Direction, mas outras já
conhecidas do formato de grupo musical em si de atualmente e também de décadas
passadas, são pressionados pelos fãs e pela mídia, a agir e a sentir de uma
determinada forma, distanciando-se dos comportamentos das mulheres, das garotas
e da feminilidade que são entendidas como o oposto.
Há 15 anos
atrás começava o sucesso das chamadas boybands e desde antes do acontecimento,
o grande preconceito que o universo da dança sofre do próprio público masculino
quanto a sua prática, devido ao estereótipo de que todo homem que dança certos
gêneros musicais é ou tem tendências homossexuais, já existia. Nota-se que a
dança ainda era uma das características mais marcantes das boybands dos anos
90. Eram executadas coreografias elaboradas, os integrantes colocavam as fãs
para dançar. Com o passar dos anos, visto que o preconceito com a prática da
dança por homens só aumentava, as performances se resumiram a alguns
integrantes das novas boybands arriscando a tocar instrumentos musicais no
palco ou se aventurando em poucos passos, apontando a principal diferença de
que hoje os integrantes não dançam como os de antigamente.
Há toda uma construção de como o ser humano deve se
portar se acordo com sua sexualidade, desde as brincadeiras quando crianças até
preferências sexuais quando adultos, ou contextualizando, até mesmo na dança. O
que se aplica a menor expressão corporal dos integrantes das boybands atuais,
partindo da ideia de que quanto menos associação for feita ao feminino, maior é
a qualidade do homem enquanto macho. Buscando cada vez mais a fuga desse
estereótipo, os integrantes do One Direction intensificam e focam atualmente na
prática da musculação com o intuito de desenvolvimento do corpo e fim da imagem
de menino afeminado a que são subjulgados.
A dança, assim como a pronúncia de uma
palavra ou um gesto com as mãos, nunca é isenta ou indiferente de julgamento. A
dança fala com e sobre o indivíduo. Butler classifica esse prejulgamento como
“ideias frabricadas manufaturadas sustentadas por signos corpóreos e outros
meios discursivos”. Dessa forma, toda e qualquer forma de se expressar passa
por uma classificação daquele indivíduo, em relação aos modelos padronizados
pela sociedade.
Judith Butler (1956-), filósofa estadunidense, debruçou-se
sobre o desmonte de heteronormatividade através de atos subversivos; tem se
tornado, portanto, um grande nome dos estudos queer e de transexuais/travestis. Para ela o gênero não é um conjunto de atributos sociais flutuantes que reflete ou se
inscreve num sexo dado, mas o gênero também não é substantivo, aliás, seu
efeito substantivo é performativamente produzido, isto é, ele é produzido pela
reiteração e citacionalidade de normas cujos efeitos se passam como naturais.
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