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domingo, 4 de maio de 2014

Performatividade de gênero - 'Boybands'


Existe uma definição das condutas e sentimentos apropriados para os homens. Nessa perspectiva, os integrantes de boybands, não só One Direction, mas outras já conhecidas do formato de grupo musical em si de atualmente e também de décadas passadas, são pressionados pelos fãs e pela mídia, a agir e a sentir de uma determinada forma, distanciando-se dos comportamentos das mulheres, das garotas e da feminilidade que são entendidas como o oposto.

Há 15 anos atrás começava o sucesso das chamadas boybands e desde antes do acontecimento, o grande preconceito que o universo da dança sofre do próprio público masculino quanto a sua prática, devido ao estereótipo de que todo homem que dança certos gêneros musicais é ou tem tendências homossexuais, já existia. Nota-se que a dança ainda era uma das características mais marcantes das boybands dos anos 90. Eram executadas coreografias elaboradas, os integrantes colocavam as fãs para dançar. Com o passar dos anos, visto que o preconceito com a prática da dança por homens só aumentava, as performances se resumiram a alguns integrantes das novas boybands arriscando a tocar instrumentos musicais no palco ou se aventurando em poucos passos, apontando a principal diferença de que hoje os integrantes não dançam como os de antigamente.
Há toda uma construção de como o ser humano deve se portar se acordo com sua sexualidade, desde as brincadeiras quando crianças até preferências sexuais quando adultos, ou contextualizando, até mesmo na dança. O que se aplica a menor expressão corporal dos integrantes das boybands atuais, partindo da ideia de que quanto menos associação for feita ao feminino, maior é a qualidade do homem enquanto macho. Buscando cada vez mais a fuga desse estereótipo, os integrantes do One Direction intensificam e focam atualmente na prática da musculação com o intuito de desenvolvimento do corpo e fim da imagem de menino afeminado a que são subjulgados.

A dança, assim como a pronúncia de uma palavra ou um gesto com as mãos, nunca é isenta ou indiferente de julgamento. A dança fala com e sobre o indivíduo. Butler classifica esse prejulgamento como “ideias frabricadas manufaturadas sustentadas por signos corpóreos e outros meios discursivos”. Dessa forma, toda e qualquer forma de se expressar passa por uma classificação daquele indivíduo, em relação aos modelos padronizados pela sociedade

Judith Butler (1956-), filósofa estadunidense, debruçou-se sobre o desmonte de heteronormatividade através de atos subversivos; tem se tornado, portanto, um grande nome dos estudos queer e de transexuais/travestis. Para ela o gênero não é um conjunto de atributos sociais flutuantes que reflete ou se inscreve num sexo dado, mas o gênero também não é substantivo, aliás, seu efeito substantivo é performativamente produzido, isto é, ele é produzido pela reiteração e citacionalidade de normas cujos efeitos se passam como naturais.


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