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domingo, 4 de maio de 2014

Primeira temporada de 'Looking'


Por Fernanda Furquim

Entre janeiro e março, o canal HBO exibiu a primeira temporada de Looking, série criada por Michael Lannan com base em seu curta-metragem, Lorimer. Já renovada para sua segunda temporada, a série narra a vida de três amigos homossexuais morando em São Francisco.

Esta é a primeira produção da TV americana voltada para o universo gay (com uma abordagem adulta) desde o fim de Queer as Folk (remake de série britânica) e The L Word.

Geralmente relegado a comédias, onde são retratados de forma caricaturada, ou melodramas, onde precisam lutar por seu espaço na sociedade, os gays começaram a se destacar no universo dos seriados americanos na década de 1970.
A sitcom The Corner Bar teve apenas dezesseis episódios produzidos entre 1972 e 1973, mas serviu para se tornar a primeira série a introduzir um gay em seu elenco recorrente, nos EUA.

Embora figurasse em episódios aqui e ali, o tema foi tabu durante muitos anos. No final da década de 1970, duas outras sitcoms abordariam a relação do homossexual com a sociedade americana. A primeira foi Um é Pouco, Dois é Bom e Três é Demais/Three’s Company, na qual John Ritter interpreta um heterossexual que finge ser gay para poder convencer o senhorio a deixá-lo dividir um apartamento com duas mulheres solteiras. A segunda foi Soap, sátira das novelas americanas, onde Billy Crystal interpreta o filho gay de uma família disfuncional. Na década de 1980, com o surgimento da AIDS, o personagem foi trazido mais vezes às tramas das séries americanas, em especial as dramáticas, sendo Dinastia uma das primeiras. Nesta, Steven, o filho de Blake Carrington (John Forsythe), assume sua homossexualidade, que não é aceita pelo pai.

Nos anos de 1990, a sitcom Ellen escancarou as portas permitindo que este segmento se tornasse uma presença permanente na televisão. Após quatro temporadas tentando encontrar seu par ideal, a personagem (e atriz) assume sua homossexualidade na última temporada. Desde então, novas produções surgiram introduzindo gays em seu elenco regular. Outras, como Will & Grace, The New Normal e as já mencionadas Queer as Folk e The L Word, tinham como objetivo acompanhar a vida de personagens gays.

O tema, portanto, não é novo. O que Looking traz de bom é a forma como aborda o tema.

Sem levantar bandeiras ou ficar passando lições de moral para o telespectador, a série retrata a rotina de vida de personagens gays com a mesma naturalidade que narraria as relações entre casais heterossexuais. O tema da série não é o estilo de vida dos personagens, mas seus sonhos e desejos e a forma como eles tentam realizá-los.

Os personagens de Looking não precisam lutar por um lugar na sociedade, eles já fazem parte do cenário local. Sem ter que pedir licença para coexistir, eles vivem suas vidas, trabalham e mantêm seus relacionamentos.

Nesta primeira temporada o protagonista é Patrick (Jonathan Groff, de Boss e Glee), um jovem com quase trinta anos de idade, que trabalha como designer de video game. Ele assumiu sua homossexualidade quando ainda era adolescente, mas ao longo da vida teve apenas um namorado.

Novamente solteiro, ele está à procura de um novo relacionamento que seja significativo e não apenas um caso de uma noite ou final de semana. O problema é que Patrick não sabe como criar uma relação sincera com um parceiro. Inseguro de sua própria sexualidade, Patrick assume uma postura esnobe quando sai à caça, seja no parque, sites de encontros ou nos bares.

Ele acaba encontrando Richie Donado (Raúl Castillo) um mexicano que lhe apresenta o choque de culturas. Richie é um homem sem ambição de subir na vida, se contentando com o trabalho de barbeiro e bicos que faz como porteiro de um clube noturno. Os dois iniciam um relacionamento de idas e vindas, que deverá se estender por mais algum tempo. Inicialmente, Patrick, com sua mente estreita e pré-moldada, assume uma postura de superioridade em relação à Richie, mas logo se torna dependente das opiniões e atitudes do parceiro.

Apesar de gostar de Richie, Patrick parece ter mais afinidade com Kevin (Russell Tovey, de Him & Her), seu chefe, que está mais próximo de seu universo. Os dois têm os mesmos interesses e visão de mundo, embora Kevin também seja estrangeiro (ele é britânico). Por sua vez, Kevin está dividido entre seu interesse por Patrick e seu relacionamento com o namorado, que no início da série mora em outra cidade.

Os demais protagonistas da série são Augustín (Frankie J. Alvarez) e Dom (Murray Bartlett). No início da história, Augustín, que dividia um apartamento com Patrick, decide morar com o namorado Frank (O-T Fagbenle). Esta não é uma relação saudável. Augustín não tem interesse de morar com o parceiro, mas atende o pedido do namorado e se muda para a casa dele. Temendo perder sua liberdade, ele consegue manter um relacionamento aberto com Frank, o que o leva a envolver um terceiro parceiro em suas relações sexuais sempre que possível. Algo que Frank, a princípio, não é contra. Augustín também tem problemas em sua vida profissional. Artista plástico frustrado, ele não é capaz de se expressar através de sua arte. Este parece ser o personagem que terá uma trajetória mais longa e conturbada em relação aos outros dois.

            Dom, o terceiro membro do grupo, é um homem que está entrando na crise dos quarenta. Acomodado em sua profissão de garçon e mantendo diversos relacionamentos ocasionais com rapazes, Dom deixou a vida passar. Atualmente ele divide um apartamento com a amiga Dóris (Lauren Weedman), uma enfermeira que o mantém com os pés no chão.

Há alguns anos, Dom teve um relacionamento sério com Ethan (Derek Ray, visto em Mad Men), um viciado em drogas com quem gastou suas economias. Desde sua separação, ele foge de compromissos, preferindo se envolver com rapazes a quem pode controlar. Mas, quando descobre que o ex se tornou um bem sucedido homem de negócios, Dom acorda e percebe que precisa fazer alguma coisa para mudar o rumo de sua própria vida.

Correndo contra o tempo, ele decide montar um restaurante especializado em frango português. Buscando um sócio com dinheiro, Dom encontra Lynn (Scott Bakula, de Quantum Leap), um empresário que ele conhece em uma sauna. É curiosa a escolha de Bakula para interpretar o homem que vai ajudar Dom, visto que o personagem de Bartlett está na mesma situação que o de Bakula em Men of a Certain Age. Don consegue convencer Lynn a se tornar seu sócio, mas o ego de Dom e seu repentino interesse por Lynn (muito mais velho que os rapazes com quem costuma se envolver) podem colocar tudo a perder. Esta história terá um desdobramento na segunda temporada.


Quem gostou de Looking pode conferir a série australiana Please Like Me. Embora não seja tão boa quanto a produção americana, também traz uma abordagem mais simples e sincera do universo gay. Esta série ainda não estreou no Brasil, mas está disponível no mercado internacional de DVD.

Here Comes the Sun

Here Comes the Sun é uma canção dos Beatles composta por George Harrison e que foi lançada no álbum Abbey Road de 1969. A gravação teve início em sete de julho de 1969 e foi concluída em 19 de agosto de 1969. Dura 3’06".
Segundo George, foi "composta numa manhã ensolarada" na mansão de Eric Clapton. Como em "If I Needed Someone", outra composição dele, um solo de guitarra soa durante toda a música. Esta foi a primeira música que George Harrison escreveu.
Here Comes The Sun é uma música que causa uma sensação de liberdade, de que, não importa o quanto as coisas estão ruins, vão melhorar. Sempre que toca pensa-se que os problemas do mundo ainda tem solução.
Creem que a letra fale sobre o amor. Mas a questão é que, não é sobre um amor já consolidado, é um amor que vem nascendo, crescendo aos poucos sendo representado pelo sol que vem chegando.
É como se, depois de muitas desilusões amorosas, num momento inesperado, depois de uma longa e solitária espera, o amor volte a surgir pela pessoa certa. A música inteira fala sobre isso, sobre o amor pura e simplesmente, sem definições muito exageradas, livre, que nasce e floresce naturalmente.


O estilo de vida ‘gleek’ e a exaltação do ‘loser’



Com um Ensino Médio às avessas, Glee trouxe ao mundo a cultura dos ‘losers’, termo usado para se referir àquele que sempre perde, que é humilhado, um fracassado. São jovens com valores próprios, identidade e uma marca: o jeito Glee de ser.

Glee é uma série televisiva musical comédia-drama estadunidense, que vai ao ar no canal Fox desde 2009, e atualmente se encontra na 5ª temporada. O enredo gira em torno do Clube Glee, o coral da escola fictícia William McKinley High School, localizada em Lima, Ohio. A trama da série segue esse coral, chamado de “New Directions” (Novas Direções), que compete nos circuitos de show choirs, enquanto os seus membros lidam com situações de relacionamento e questões sociais.

Geek pode ser definido como “técnico, doutor, autodidata, apaixonado pelo que faz e pelo que entende”. Atualmente, ser geek é comparável a ser nerd. Uma pessoa que se diga fã do seriado Glee pode ser chamada de ‘Gleek’. É a combinação das palavras ‘glee’ e ‘geek’. Tais pessoas que são consideradas nerds são tratados com forte bullying e considerados como ‘losers’ durante boa parte ou inteira passagem pela vida escolar, assim como os protagonistas do seriado por participarem de um coral. De forma jocosa, os fãs então juntaram as duas palavras com a finalidade de denominar o fandom. Fandom é uma palavra em inglês frequentemente utilizada para se referir às comunidades de fãs de determinado objeto (filme, livro, série, artista), uma abreviação de “fan kingdom”, ou seja, “reino do fã”. Assim, temos que os fãs constituem comunidades com seus rituais, práticas, símbolos e linguagem próprias.

Para os fãs da série, ser Gleek não consiste apenas em assisti-la:

Gleeks, o que significa ser um Gleek? Não somos apenas fãs de Glee. Somos aquelas pessoas que vivenciam situações parecidas com a história. Ser Gleek é ter orgulho de quem é não importando seu defeito, você nasceu desse jeito e está feliz assim. Ser Gleek é nunca parar de acreditar e lutar pelo sonho, porque um dia você irá alcançá-lo. Ser Gleek é sofrer e dar a volta por cima, porque o que vem de baixo não nos atinge, ao contrário, nos deixa forte!
(Biografia da fanpage do Facebook ‘Todo Gleek’.)

            A primeira impressão sobre os fãs da série Glee ainda é fortemente associada ao estigma de homossexuais, pessoas horizontalmente avantajadas, excluídos socialmente, e pessoas com tendência suicida ou problemas familiares, causado pelas situações embaraçosas e polêmicas que os personagens, os quais os fãs se identificam, se envolvem, tratando de questões como religião, sexualidade, liberdade de gêneros, entre outros. Contudo, a despeito desta imagem dominante, o número de fãs vem crescendo em todo o mundo.

            Neste exercício, entende-se a criação da identidade especificamente por meio de uma atividade de consumo, o seriado Glee, em torno do qual se constituiu uma subcultura de consumo. A formação de uma determinada subcultura está relacionada tanto a um engajamento emocional quanto com a formação da subjetividade do sujeito pós-moderno. Pertencer a uma subcultura significa partilhar um estilo de vida, e no mundo atual, isso pressupõe o consumo.

Os jovens experimentam e implantam Glee de duas maneiras. Primeiro, eles usam Glee como um roteiro para interpretar suas próprias experiências de vida, e imaginar como eles podem articular desejos estranhos e aceitação deles. Em segundo lugar, Glee funciona como um dispositivo estratégico usado para sinalizar identificações e níveis de consciência e aceitação de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros (LGBT).

           Muitas pessoas ainda são céticas de que os jovens possam encontrar algo significativo ou revolucionário em Glee, como é retratado muita vezes na mídia. Muitas das histórias de Glee parecem clichê, problemáticas, ou mesmo ofensivas. Mas a partir do exercício etnográfico percebe-se que os jovens participantes usam Glee para apreciar e navegar em suas próprias sexualidades e experiências. Para os jovens, a representação contínua de minorias nos meios de comunicação é extremamente importante para abrir as experiências não apenas deles, mas também dos outros que podem vir a assistir.

            Os chamados Gleeks se engajam com o seriado como um objeto transmídia, bem como um objeto em um sentido simbólico cultural. Eles assistem com a família ou sozinhos, ao fazer trabalhos escolares, ou trocando mensagens pelo celular ou pela internet com os amigos. Trocam informações sobre o seriado em momentos diferentes, por telefone, pessoalmente, por Facebook e Twitter. Também assistem ao show com diferentes grupos de amigos, através de DVD`s quando podem comprar ou streaming.


            O pensamento de juventude como um estilo de vida para quem a globalização e a disseminação da mídia eletrônica, entre outros elementos, colocam o indivíduo frente a frente com um grande número de “escolhas” pode auxiliar no entendimento da marca da juventude Glee. A escolha por um estilo faz parte do imaginário dos personagens desse seriado, e logo, do imaginário dos fãs desse seriado.

Performatividade de gênero - 'Boybands'


Existe uma definição das condutas e sentimentos apropriados para os homens. Nessa perspectiva, os integrantes de boybands, não só One Direction, mas outras já conhecidas do formato de grupo musical em si de atualmente e também de décadas passadas, são pressionados pelos fãs e pela mídia, a agir e a sentir de uma determinada forma, distanciando-se dos comportamentos das mulheres, das garotas e da feminilidade que são entendidas como o oposto.

Há 15 anos atrás começava o sucesso das chamadas boybands e desde antes do acontecimento, o grande preconceito que o universo da dança sofre do próprio público masculino quanto a sua prática, devido ao estereótipo de que todo homem que dança certos gêneros musicais é ou tem tendências homossexuais, já existia. Nota-se que a dança ainda era uma das características mais marcantes das boybands dos anos 90. Eram executadas coreografias elaboradas, os integrantes colocavam as fãs para dançar. Com o passar dos anos, visto que o preconceito com a prática da dança por homens só aumentava, as performances se resumiram a alguns integrantes das novas boybands arriscando a tocar instrumentos musicais no palco ou se aventurando em poucos passos, apontando a principal diferença de que hoje os integrantes não dançam como os de antigamente.
Há toda uma construção de como o ser humano deve se portar se acordo com sua sexualidade, desde as brincadeiras quando crianças até preferências sexuais quando adultos, ou contextualizando, até mesmo na dança. O que se aplica a menor expressão corporal dos integrantes das boybands atuais, partindo da ideia de que quanto menos associação for feita ao feminino, maior é a qualidade do homem enquanto macho. Buscando cada vez mais a fuga desse estereótipo, os integrantes do One Direction intensificam e focam atualmente na prática da musculação com o intuito de desenvolvimento do corpo e fim da imagem de menino afeminado a que são subjulgados.

A dança, assim como a pronúncia de uma palavra ou um gesto com as mãos, nunca é isenta ou indiferente de julgamento. A dança fala com e sobre o indivíduo. Butler classifica esse prejulgamento como “ideias frabricadas manufaturadas sustentadas por signos corpóreos e outros meios discursivos”. Dessa forma, toda e qualquer forma de se expressar passa por uma classificação daquele indivíduo, em relação aos modelos padronizados pela sociedade

Judith Butler (1956-), filósofa estadunidense, debruçou-se sobre o desmonte de heteronormatividade através de atos subversivos; tem se tornado, portanto, um grande nome dos estudos queer e de transexuais/travestis. Para ela o gênero não é um conjunto de atributos sociais flutuantes que reflete ou se inscreve num sexo dado, mas o gênero também não é substantivo, aliás, seu efeito substantivo é performativamente produzido, isto é, ele é produzido pela reiteração e citacionalidade de normas cujos efeitos se passam como naturais.


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Jukebox - Uma Ficção Científica Musical




"Sinta-se a vontade durante o funcionamento desta Jukebox para cantar, dançar e circular pelo espaço, só não nos leve a sério, por favor!"



               No CCBB até o dia 14 de julho, estará disponível de quarta a domingo, às 19h30, a peça Jukebox - Uma ficção científica musical. Dirigida por Flavio Graff, o público escolhe 10 entre 20 canções que darão origem a cenas do espetáculo, que conduzirão toda a história. A história se passa no planeta Upstar Nassar, e com as músicas escolhidas pelo público, 5 personagens, dentre eles a Cauda de Cometa interpretada pela atriz Dedina Bernadelli, debatem sobre temas como vida, morte, futuro, espiritualidade. O espetáculo une teatro, vídeo, artes visuais e música, é claro. E em seu repertório podemos encontrar desde David Bowie, Björk, Madonna, Oasis, até Marisa Monte, Paralamas do Sucesso, Nando Reis, entre outros, além das músicas originais escritas por Felipe Storino e Graff.



domingo, 11 de dezembro de 2011

Eu não quero voltar sozinho


Léo é portador de deficiência visual. Giovana é sua melhor amiga. Gabriel é um novato na sala. De relações entre os colegas, surge uma nova amizade que envolve os três, mas o foco se volta para um romance talvez mais polêmico – por conta dos valores heteronormativos – do que um triângulo amoroso: Léo ama Gabriel.

O diretor Daniel Ribeiro buscou a simplicidade de narração pra alcançar a profundidade da discussão do tema. Pela censura do filme em um festival no Acre, pela fotografia bem trabalhada, pela verdade na construção das personagens, pelo senso cotidiano e próximo das situações, Eu não quero voltar sozinho acerta muito.

A pergunta "você foi sempre assim?" que Gabriel faz a Léo pode emitir diversas questões embora no diálogo entre as personagens se revele a curiosidade sobre a cegueira. Da mesma forma, a resposta "desde que eu nasci" direciona também pensamentos para a abordagem da discussão acerca da dita 'opção sexual'. Sensível como a música Janta de Marcelo Camelo, que compõe a trilha sonora, é o trato das emoções no filme: a descoberta da paixão, a coragem para se abrir e o susto leve seguido de felicidade ao notar que, mais uma vez, não estava só. Nem precisaria seguir sozinho independente do tipo de visão.

Assista ao curta e se apaixone pela história de Léo e Gabriel:


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